Sempre tive muita vontade de conhecer o Egito. Afinal, foi um dos países por onde Jesus passou quando ele se refugiava dos Romanos. Além disso, também queria ver de perto o que foi o berço da nossa civilização, com seus famosos templos e as Pirâmides de Gizé.
Foi através da Memphis Tour que fizemos a nossa viagem ao Egito e Marrocos. Fui com uma prima e decidimos fechar o pacote com essa agência local, pois eles tem excelentes guias que falam o português e algumas vezes o espanhol. No nosso pacote, fechamos um guia e um chofer exclusivamente para nós. Isto fez toda a diferença na viagem. Não tínhamos aquela coisa chata de acordar super cedo e ficar uma hora na Van pegando um a um nos hotéis.
Já nos lugares que fomos, podíamos ficar o tempo que quiséssemos naqueles que gostávamos mais, claro, respeitando as 8 horas acordadas de passeio por dia. No nosso caso, tivemos muita sorte pois tanto o guia quanto o chofer foram cordiais com a gente e em vários dias extrapolamos o horário. Eles foram super prestativos e não se incomodaram. As vezes, pagávamos um almoço ou um lanche para eles. Em todo o caso, isto vai depender do guia e de ter a sorte de pegar um gente boa!
Egito: é perigoso viajar sozinha ou em grupo só de mulheres?
Diferente do que muitos falam, não é perigoso viajar só com mulheres nestes países. É claro que deve-se escolher uma época onde não esteja acontecendo nenhum conflito no roteiro traçado e ir acompanhada de um bom guia local.
Nossa aventura começou em Casablanca-Marrocos e depois voamos de Casablanca para o Cairo-Egito onde ficam as pirâmides de Gizé. Neste post vou focar na parte do Egito para não ficar muito extenso e quem quiser saber sobre Marrocos é só acessar o Link ao lado, Post Marrocos, ou ir pelo menu principal
Nosso Roteiro no Egito
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Primeiro dia
Nosso primeiro dia começou muito bem conhecendo uma das sete maravilhas do mundo, as Pirâmides de Gizé, a Esfinge e o Templo do Vale.Um sonho realizado! Estar diante destas maravilhas nos faz entender o ditado bíblico que diz: A fé move montanhas! Transportar toneladas destas pedras de um lugar para o outro e esculpi-las usando instrumentos daquela época é uma tarefa muito árdua e a fé que eles tinham em finalizar estes monumentos como devoção ao grande Deus Rá, fez toda a diferença! Foi uma experiência maravilhosa e que indico a todos. Nosso guia era expert em história e nos deu uma aula. Ficamos maravilhadas com tanta informação e, para completar, nos proporcionou uma seção de fotos com efeitos. Vejam algumas abaixo:
Na região das Pirâmides de Gizé, alugamos um camelo e fizemos uma passeio até bem próximo as pirâmides, de onde se tem um ângulo maravilhoso para fotos. O silêncio do deserto neste trajeto que ser percorre entre um platô e as pirâmides, a visão panorâmica das pirâmides e a aventura de andar em um camelo, ficarão para sempre guardados na minha memória. Eu super indico fazer esta opção pois é um pacote a parte que se compra quando se está lá.
Apesar das pirâmides de Gizé serem as mais famosas, não são as mas antigas. A primeira pirâmide construída pelo homem no mundo, há 4700 anos , fica em Saqqara, necrópole da cidade de Memphis, a 33 quilômetros do Cairo, no Egito. Para chegar à ela, que fica em um pátio, é preciso entrar por um portal gigante e, depois, seguir por um corredor rodeado por 40 colunas também enormes.
Ao final deste caminho, chega-se à esplanada onde está a pirâmide de Djoser. Mas, além desta primeira pirâmide egípcia, o complexo abriga diversas outras estruturas funerárias. Muitas delas ficaram por séculos encobertas pelas areias do deserto e, ainda hoje, os arqueólogos continuam o trabalho para desvendar mais mistérios por lá.É preciso descer por uma escada íngreme até chegar ao seu interior. No caminho, as paredes estão todas recheadas de hieróglifos com orações de proteção e o teto, com estrelas. Os Egípcios acreditavam que os espíritos passavam deste mundo para o outro e desta forma, enquanto estivessem presos aqui, poderiam ficar recitando as orações de proteção registradas nas paredes .
Lá dentro não é permitido fotografar, mas nós conseguimos fazer algumas imagens…
Almoçamos e em seguida fomos visitar o Museu Egípcio, Cairo Antigo, onde se encontram a Igreja Suspensa, a Igreja de Santa Bárbara, a Igreja de Abu Serga e a Sinagoga de Ben Ezra.
A Igreja conta que, na fuga da Palestina para o Egito, a Sagrada Família buscou abrigo em uma gruta e sobre ela, foi construída a Igreja de São Sérgio, também conhecida como Abu Serga. Acredita-se que é uma das primeiras igrejas cristãs do Egito, datada do Séc.V.
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Segundo dia-
Pegamos um vôo de Cairo para Aswan para visita a barragem de Aswan, construída em 1960 para proteger o Egito de inundações. Em seguida fomos ver o Obelisco Inacabado, famoso pelo seu granito vermelho.
Fizemos o nosso Check in no barco Movenpick, que nos conduziu em um cruzeiro pelo Rio Nilo, parando para visitar vários templos pelo caminho. Super recomendo esta opção. Comida maravilhosa com boa música durante os jantares e festa de encerramento no último dia, com vestimentas locais.
A tarde visitamos o Templo de Philae, dedicado a Deusa Isis. O acesso só pode ser feito de barco. O templo de Philae ou de Ísis (Deusa da fertilidade, maternidade e da magia egípcia), na verdade, é um complexo de templos que foi construído na ilha de Philae, na época de Nectanebo I (305 a 30 a.C.), ilha que hoje não existe mais. O Templo dedicado a deusa Ísis, mulher de Osíris, foi reconstruído na ilha vizinha – Agilka (cerca de 300 metros próximo) pois, com a construção da barragem de Aswan, o templo passava parte do ano submerso e com o tempo ia acabar se destruindo e por isso foi reconstruído em uma ilha mais alta.”
Curiosidade: Cleópatra vinha prestar suas homenagens à deusa, devotíssima. Ela e o seu séquito desciam em seu barco perfumadérrimo e pomposo desde lá de Alexandria, de onde governava, entrava no Delta do Nilo e percorria todo o país até chegar, linda e poderosa, ali em Aswan.
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Terceiro Dia – Templo de Sobek, Museu dos Crocodilos e Templo de Horus
Navegamos durante toda noite a bordo do Movenpick para Kom Ombo para visita ao Templo de Sobek .
Tivemos o nosso café da manhã a bordo e partimos para o templo. São muitas as histórias por aqui , cada templo com seu rei Faraó e o Deus que o protegia e o representava .Para aqueles que acham que os antigos egípcios mumificavam apenas pessoas uma surpresa: Sabiam que eles mumificavam também crocodilos? Pois é, os
crocodilos são dos animais mais simbólicos do Rio Nilo. Nos tempos antigos, eles habitavam todo o rio até o seu delta, lá no norte em Alexandria, e devoravam muita gente por todo o país. E no Antigo Egito eles eram cultuados na forma do Deus Sobek, aquele com cabeça de crocodilo no mural abaixo.
Mural no templo de Kom Ombo com Sobek ali, o Deus com a cabeça de um crocodilo. Ele era o deus da força física e da agressividade militar, embora também fosse sorrateiro (como é o crocodilo propriamente dito). Uma das características de Sobek era “aquele que ama a roubalheira” (é sério, isso está registrado nos textos egípcios). Os egípcios antigos faziam oferendas e pediam a ele por proteção quando iam navegar no Rio Nilo.
Há hoje um museu sobre os crocodilos do Nilo (onde eles expõem alguns exemplares dos mais de 300 crocodilos mumificados encontrados aqui) ao lado do Templo de Sobek.
Este templo, foi construído na época da dinastia de Cleópatra, no período entre 180-47 a.C.
Havia um crocodilo especial que era tido como o totem de Sobek, ou seja, era como se ele fosse um avatar do deus. Esse crocodilo sagrado, chamado de Petsuchos, era adornado com jóias e alimentado diariamente pelos sacerdotes com doações dos fiéis. Ele vivia numa lagoa sagrada dentro do templo. Quando um Petscuchos falecia, outro era posto em seu lugar.
Daí a mumificação, que ocorria com esses crocodilos sagrados. Vejam os desenhos e reparem aquele que tem a cabeça de um crocodilo. Este é Sobek!
Enquanto almoçávamos navegamos até Edfu. Após almoço fomos de carruagem, ao Templo de Hórus, o mais preservado do Egito
Um pouco de História
“Rá, o Deus Sol, é considerado a origem dos outros Deuses Egípcios, ele criou Osíris, Ísis, Néftis e Seth, eram todos irmãos. Não se sabia seu nome até que Isis lhe fez uma armadilha. Sendo a Deusa do amor e da magia, ela fez uma serpente picar o Deus Rá e deixá-lo doente. Ele chamou por todos os Deuses pedindo pra lhe ajudarem, Ísis o curou com a condição de que revelasse o seu nome, assim ela se tornou muito importante, adquirindo alguns dos poderes de Rá.
Ísis se casou com Osíris, o Deus da ressureição e da vegetação, juntos reinavam o Egito. Seth, Deus da tempestade e da violência, por inveja planejou matar o irmão e tomar o trono para si. Ele tirou as medidas de Osíris e criou um sarcófago do exato tamanho de seu irmão. Durante um banquete Seth propôs um desafio aos convidados dizendo que quem coubesse perfeitamente dentro daquele belo sarcófago de ouro iria ganha-lo de presente. Quando Osíris entrou, Seth o trancou e jogou-o no rio Nilo.
Ísis decidiu viajar a procura de Osíris, passando por várias cidades em direção ao norte, ouviu falar sobre uma tamargueira forte e bonita que havia nascido e soube que ali estava seu marido. Quando chegou à cidade a árvore já não estava mais na terra, com ela o rei local havia construído um pilar para seu palácio. Ísis pensou que precisaria ganhar a confiança do rei para conseguir tirar o pilar dali, então se tornou ama e cuidadora do filho do rei, um dia revelou o porquê estava ali e levou Osíris de volta.
Quando Seth descobriu que Ísis havia recuperado Osíris, roubou o corpo e cortou em 14 pedaços espalhando-os por todo o Egito. Néftis, Deusa da natureza, era casada com Seth, e ajudou Ísis a recuperar os pedaços de Osíris. Ficou faltando apenas um, o órgão reprodutor, que havia sido comido por um peixe. Através da magia Ísis fez amor com Osíris e assim deu à luz a Hórus, Deus da lua e do sol, da vida e da morte, e da justiça.
Apesar de Ísis ter revivido Osíris, ele não poderia mais reinar o reino dos vivos então preparou devidamente em um sarcófago o corpo de Osíris e o devolveu a terra, criando assim o culto do enterro, Osíris passou a reinar o mundo dos mortos. Quando Hórus cresceu, quis tomar o trono que era seu por direito, a guerra entre Seth e Hórus durou 80 anos e apesar de Hórus ter vencido no final, o Deus Rá não deixou que Seth morresse, disse que ele tinha o seu propósito de existência.
A lenda possui diversas versões diferentes e muitos significados. Ísis é símbolo de mãe guerreira, persistente que luta para manter seu marido. Os pedaços que ela reúne de Osíris são como o quebra-cabeça da confusão de nossas vidas quando não temos um objetivo claro, juntando os pedaços ela fornece o caminho para Ósiris se desprender da terra e elevar-se aos céus para a vida espiritual.
A concepção de seu filho Hórus não foi a partir da união carnal e sim espiritual. Ísis simboliza o plano material, a terra, reina os vivos, e Osíris simboliza o plano espiritual, dos céus, reina os mortos. A união deles cria Hórus que tem um aspecto mais humano de nascer com um objetivo e passar a vida lutando por ele, em direção aos seus sonhos.
Seth representa obstáculos de nossas vidas, ele não pode morrer, pois sem os desafios nunca iremos evoluir. É necessário o mal para existir o bem, não reconheceríamos a felicidade se não houvesse a tristeza.”
Osíris, Ísis e Hórus eram a primeira trindade dos egípcios assim como para o cristão é Pai, Filho e Espirito Santo.
Abaixo o templo de Horus que é representado nos desenhos com o corpo humano e cabeça de falcão .
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Quarto dia- Vale do Reis , Templo original rainha Hatshepsut, Templo de Karnak e Colossos de Memnon
Acordamos e fomos visitar o Vale dos Rei, o templo original da rainha Hatshepsut (dinastia XVIII), de maior valor e prestígio entre os monumentos construídos no vale e também os Colossos de Memnon.
Vale dos Reis
Também em Luxor, mas na margem esquerda do Rio Nilo, o Vale dos Reis foi o principal local de sepultamento dos faraós do Império Novo do Antigo Egito e outros nobres do período. Muitas das tumbas foram saqueadas ao longo dos anos, além disso, alguns tesouros encontrados ali hoje estão expostos em museus. Mas ainda é possível ficar admirado com a opulência da época. Ali estão as tumbas de Tutancâmon, Ramsés III e Ramsés IV, entre as de muitos outros faraós.
O Vale dos Reis, além de ser o local onde foi descoberta a famossíssima tumba de Tutankhamon (c. 1333 a 1323 a.C.), abriga o túmulo dos filhos de Ramsés II (c. 1290 a 1224 a.C.). São 63 os túmulos já encontrados pelos arqueólogos naquele vale . Suas paredes eram esculpidas e pintadas com magníficos murais mostrando cenas da vida cotidiana egípcia e da terra dos deuses. Nas câmaras eram armazenados tesouros: tudo que uma pessoa necessitaria para manter a vida na eternidade, de móveis a comida, estátuas, embarcações e jóias. O Vale dos Reis, parte da antiga cidade de Tebas, foi o local de sepultamento de quase todos os faraós da XVIII, da XIX e da XX dinastias que reinaram, aproximadamente, entre 1550 e 1070 a.C., um período que se convencionou chamar de Império Novo.
Na maioria das Thumbas não se pode fotografar internamente, é preciso pagar um bilhete extra para poder usar a câmera. Há fiscais por toda a parte.
Templo de Karnak
Localização: Luxor
Dedicado ao Deus Amon-Rá
O Templo de Karnak contém em seu interior o grande templo de Amon, outros templos menores, capelas e o grande lago sagrado. Os faraós mais importantes que intervieram em sua construção foram Hatsepsut, Seti I, Ramsés II e Ramsés III.
Provavelmente, o mais espetacular do templo é o Grande Salão Hipostilo. Com mais de 5.000 metros quadrados, contém 134 colunas, sendo que as 12 centrais são mais largas e elevavam o teto, já inexistente, a 23 metros de altura.
Na entrada do templo, antes de cruzar o primeiro pilone, veremos 40 esfinges com cabeça de carneiro. É o começo da Avenida das Esfinges, que chegava até o Templo de Luxor e até o Nilo.

A melhor forma de descobrir o Templo de Karnak é com um guia especializado, que lhe mostrará os pontos mais interessantes, enquanto conta as histórias mais surpreendentes. No local, realizavam-se cultos aos deuses da tríade, dando-lhes uma soberania maior que a dos faraós. Em um de seus complexos, o Templo de Amon, está o maior obelisco do Egito, com 27 metros de altura e 340 toneladas de peso.

Este monumento representa a única mulher faraó que governou os egípcios, Hatshepsut, e contém uma inscrição que diz: “Vós que vires este monumento nos anos vindouros e falarem disto que fiz…
Ao longo do corredor do Templo de Karnak, há um saguão ornado com uma floresta de pedras, sustentado por 134 colunas gigantes em forma de papiro. No templo, também encontra-se um lago que era sagrado para os egípcios.
Colossos de Mêmnon
Estas peças são chamadas assim pelos Gregos por conta do herói grego Mêmnon, o gigante das guerras de Tróia, filho de Aurora e Tião, morto por Aquiles.
Segundo a lenda Grega, Aurora pediu aos deuses para que seu filho morto voltasse, pelo menos uma vez por dia. Foi concedido que na madrugada e aos primeiros raios do sol no dia, a mãe escutasse a voz do filho. A mesma chorava e suas lágrimas de transformavam no orvalho associado à Aurora e o seu choro mais se parecia com um lamento, um zunido, que acontecia sempre na madrugada.
Todos os dias, ao nascer do sol, aos primeiros raios da aurora, durante a passagem do vento da manhã, a estátua com rachaduras e gretas produzia um som que se assemelhava ao som de um canto triste, um lamento, um zunido que muito lembrava a dor de Aurora pela perda do seu filho Mêmnon.

No final do dia, finalizamos o nosso roteiro que terminou com um jantar delicioso com comidas típicas ao som de boa música e dança. Tivemos que improvisar uma roupa a caráter.
Vejam a Parte I deste roteiro no Post sobre Marrocos